Capitulo 12

Laura narrando

Segunda-feira chegou, acordei cedo e fui pra faculdade, o último ano estava sendo cansativo, hoje mesmo eu teria duas provas e um trabalho para apresentar. Eu amava meu curso, pedagogia, gostava dos meus companheiros de sala, sabia que sentiria falta deles, das nossas bagunças, churrascos e fazer trabalho até de madrugada, porém não via a hora de tudo terminar, e eu poder descansar, ainda mais que tinha que conciliar as preparação do casamento e o meu trabalho, apesar de que em relação ao casamento estava praticamente tudo pronto, só faltava enviar os convites. Meu casamento seria na segunda quinzena de novembro e eu me formaria na faculdade no mês seguinte dezembro. A manhã passou rápido, consegui fazer as provas e fui bem na apresentação do trabalho, passei em casa pra trocar de roupa e comer alguma coisa antes de ir trabalhar.

O CEI que eu trabalhava era perto do meu apartamento, eu poderia ir a pé e era isso que eu fazia na maioria das vezes, para me exercitar e também pensar um pouco na minha vida. Eu me dava bem com todos os funcionários do CEI, principalmente com a cozinheira dona Olivia, que se tornou uma segunda mãe pra mim.

Laura: - Boa tarde gente – cheguei sorrindo e acenando para todos da secretaria.

Secretária: - Boa tarde Laura, quanta animação – disse sorrindo pra mim

Laura: - Pois é, sempre to animada quando se trata dos meus anjinhos – disse indo em direção do refeitório

Olivia: - Olha quem chegou, a minha filha do coração, mamãe estava com saudades – veio em minha direção de braços abertos, com um sorriso enorme no rosto

Laura: - Dona Olivia! - disse abraçando ela apertado – também estava com saudades da minha mãezoca do coração

Olivia: - Tudo bem minha princesa? - disse me olhando com carinho

Dona Olivia era a única pessoa dali que eu confiava, ela não sabia do meu amor por Luan, mas sabia de toda nossa historia, e consequentemente da nossa briga.

Laura: - Tudo sim e tenho uma noticia pra senhora – disse animada – Eu vou me casar!

Olivia: - Sério? - disse arregalada – e você esta feliz? - ela me olhou como se soubesse de alguma coisa

Laura: - Estou sim, gosto muito do Fernando, e ele me ama também, é bom pra mim, me da segurança e cuida de mim – disse sorrindo pra ela

Olivia: - Só gosta dele? Você não me parece tão feliz Laura, seus olhos me dizem isso, e em um casamento segurança e cuidado não bastam – ela dizia seria, mas com um olhar carinhoso pra mim

Laura: - Eu sei disso, mas eu gosto dele de verdade, vamos ser felizes – disse mais pra mim do que para ela

Olivia: - Olha se você quiser conversar, desabafar, sabe que sempre vou estar aqui não sabe? - confirmei com a cabeça – mas se não quiser falar, vou entender

Laura: - Pode deixar dona Olivia, sei que posso contar com a senhora sempre – disse dando outro abraço nela – e olha quero a senhora no meu casamento, não aceito não como resposta – disse desviando o assunto

Olivia: - Claro que irei – ela respondeu rindo – e mudando de assunto, já fez a pazes com Luan, ele já sabe do seu casamento?

Laura: - Ainda não, ele nunca mais me mandou nada – disse baixando o olhar – ele sempre disse que seria meu padrinho de casamento, e eu realmente quero que ele seja, só estou criando coragem para ligar pra ele, me reaproximar, mas não sei se ele um dia vai me perdoar – disse triste

Olivia: - Ele só esta magoado Laura, você era a melhor amiga dele, que estava ali pra tudo, o tempo todo, você vivia em função dele, da vida dele e, de repente ele tem que dividir sua atenção, seu tempo com outro homem, ele vai te perdoar, quem sabe já te perdoou, ele só precisa de tempo para assimilar – ela disse segurando minhas mãos e falando com toda calma

Laura: - É pode ser – disse desanimada – mas dona Olivia tenho que ir, meu babys devem estar acordando e a Carol deve estar doida atrás de mim – disse com um sorriso forçado dando um beijo no rosto dela e indo pra minha sala encontrar meu toquinhos.

Carol era a professora efetiva do maternal I, o qual eu era a sua auxiliar em sala de aula, ela era mais velha que eu, tinha 30 anos, e nos dávamos super bem, era uma grande amiga também, não contava tudo a ela, mas ela sabia o necessário sobre minha vida, ela já era casada a alguns anos e tinha uma filha linda de apenas 5 anos que se chamava Julia, que por sinal era muito agarrada comigo, sempre que podia eu a levava para passear no shopping ou ir na minha casa ter uma tarde meninas.

Carol: - Boa tarde Laurinha, e ai animada para começar nossa semana? - veio me dar um abraço

Laura: - Sempre Carol, e meus totoquinhos hein, estavam com saudades da Prô Laura? - disse já sentando no meio da sala junto com meus bebes, que vieram todos pra cima de mim, e como eu amava aquilo

Carol: - Ah estou com ciúmes, como assim todos em cima da Prô Laura? E a Prô Carol ninguém sente saudades? - disse fazendo bico e sentando ao meu lado

Imediatamente eles se jogaram em cima dela também, ao todo tínhamos 11 bebês com idades entre 1 e 2 anos em nossa turminha do Maternal I, e eu sabia o nome de todos, Lucas, Felipe, Guilherme Pedro, Gustavo, Heloísa, Alice, Cecília, Mariana, Manoela e Giovana. Mas confesso que Pedro era meu preferido, eu sei que aprendemos na faculdade que não se pode apegar com as crianças e nem ter preferencias, porém o que sentia por ele era diferente, como se fosse meu filho, tínhamos uma afinidade enorme e ele também não me largava.

Logo após o lanche da tarde, voltamos com eles para a sala e deixamos eles brincando a vontade, e fui até o banheiro rapidamente, no meio do caminho vi uma cena que me fez parar, a turma do Jardim II, a idade média dessa turma é de 5 anos, eles estavam em educação física e vi um casal de amiguinhos brincando, ele me lembrava muito o Rafa, aquele cabelo preto escorridinho, e a menina se parecia comigo, cabelo castanho claro de franjinha e mais gordinha, ela tentava subir na escada do escorregador com dificuldade por ser mais cheinha, e ele por sua vez estava atrás apoiando ela e cuidando para ela não cair. Voltei no tempo a 13 anos atrás, quando eu e Rafa estudávamos na mesma escola, por ele ser 2 anos mais velho que eu, ele estava sempre uma série na frente, mas no recreio ficávamos o tempo todo juntos, eu assim como esta menina, era mais gordinha, e sempre tinha dificuldades em ir em alguns brinquedos, ou também porque eu tinha medo, e Luan sempre foi meu herói, ele me incentivava a enfrentar meus medos, estava sempre ao meu lado e dizia que se eu caísse ele estaria ali pra me segurar, se eu me machucasse ele iria me cuidar, quando me zuavam por algum motivo, ele estava lá pra me defender, sempre foi assim, ele sempre foi meu herói e talvez por isso, por estar sempre por perto, e ter esse cuidado comigo, fez com que eu me apaixonasse por ele, me fez pensar que ele seria o namorado perfeito, o homem perfeito, não tenho duvidas que ele seria mesmo tudo isso, apenas nunca seria tudo isso para mim.

Voltei para a realidade e fui ao banheiro, não poderia deixar Carol muito tempo sozinha com os bebês, eles a deixariam louca. Voltei para a sala e realmente eles estavam enlouquecendo ela, entrei rindo e já chamando eles para fazer uma roda e cantar musiquinhas, e sempre, nos nossos repertórios, tinha uma musica do meu anjo, que eles amavam, Meteoro, eles piravam quando eu com minha voz horrível começava a cantar, eles levantavam e batiam palmas, Pedro era o mais empolgado, ele ria e pulava sem parar. A minha vontade era esmagar e morder cada um deles.

E assim a semana foi passando, faculdade cheia de provas e trabalhos, meu trabalho era a parte mais divertida do meu dia, meus babys me faziam esquecer a vida que eu tinha lá fora, minha atenção e concentração era somente deles. Eu via Fernando todos os dias depois do trabalho, ele sempre ia me buscar e acabava jantando comigo no meu apartamento. Era sexta-feira meio dia, estava fazendo um sanduíche quando meu celular toca, olhei o visor e o nome de Bruna aparecia

Laura: - Olha ela lembrou de mim! - atendi fazendo graça

Bruna: - Exagerada nem um pouco né Laurinha, se for assim você também me esqueceu, nem me ligo essa semana, nem SMS, nem sinal de fumaça – já previa seu bico do outro lado da linha

Laura: - Desculpa minha Bubuzinha, mas minha semana foi uma loucura, tive provas e trabalhos a semana toda na faculdade, no trabalho nem tem como respirar né, meu tocos não dão sossego e a noite o Fernando tá sempre aqui, me ajuda a estudar e com os trabalhos, mas e ai tudo bem?

Bruna: - Tudo na santa paz, e ai como você tá? Já ligo pro meu irmão? Acho que ainda não né, ele continua vivo! - disse rindo

Laura: - Tudo bem também, e não, ainda não liguei pra ele, e vira essa boca pra lá Bruna, o Rafa não vai morrer porque vou casar, credo! Depois eu que sou exagerada! - disse brava

Bruna: Oxi tava brincando mulher, não precisa estressa não – dizia rindo – então acho melhor você ligar pra ele hoje, ele tá em casa, tá de folga, tranquilo, não corre o risco de ele cancelar o show porque tá em depressão por perder a amiga pra sempre – disse agora seria

Laura: - Ele não vai me perder pra sempre, isso se ele ainda me considera amiga ainda né – disse com tristeza na voz

Bruna: - Claro que considera Lau, ele só tá machucado, você no lugar dele também agiria assim, sabe como ele é orgulhoso, dessa vez você vai ter que ceder, se você ainda tem planos de ele ser seu padrinho, falta 1 mês pro seu casamento Laura, você não pode mais adiar essa noticia pra ele, liga logo, pede perdão, se reaproxima e faz o que tem que fazer, ou não vai dar tempo – disse me dando coragem, e confesso eu precisava

Laura: - Ok Bruna você venceu, mas vou ligar pra ele depois do trabalho, agora to atrasada, tenho que comer e me arrumar – disse respirando fundo – obrigada tá? Eu não sei o que seria de mim sem você!

Bruna: - Eu sei que sou demais – disse irônica e depois soltando uma gargalhada – eu vou ficar de olho nele e no celular, se você não ligar eu levo ele na sua casa ainda essa noite e ai vai ser no cara a cara minha filha – disse me ameaçando com voz de riso

Laura: - Já disse que vou ligar pentelha, vai deixa eu desligar aqui, beijo loira, amo você

Bruna: - Ok gatita, beijo e também te amo – desligou rindo

Essa Bruna não tem jeito mesmo, ela ainda acaba com meu emocional, e agora não posso mais fugir, hoje mesmo teria que enfrentar meu medo, meu orgulho e ligar para o Rafa e tentar quem sabe salvar o que restava da nossa amizade, se é que ainda restava alguma coisa. A tarde voou com meus pequenos, quando estava me arrumando pra ir embora, Fernando me ligou que não iria me buscar, tinha alguns compromissos com pessoal do trabalho a noite e então só nos veríamos no sábado a tarde, eu agradeci mentalmente, pois teria tempo e liberdade para conversar com o Rafa, mesmo que por telefone. Cheguei em casa, tomei um banho e coloquei o pijama, peguei meu celular e deitei na minha cama, fiquei olhando para a tela sem fazer nada, o medo de ser rejeitada me consumia, eu nem sabia se ele iria me atender. Então criei coragem e digitei aqueles números tao conhecidos, e no primeiro toque senti um frio na barriga, eu respirava fundo, precisava me acalmar, chamou mais algumas vezes e nada, eu ia desistir quando ouvi aquela voz que eu tanto amava

Luan: - Laura? - disse surpreso, ele parecia não acreditar que era eu que estava ligando

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E ai galera, será que Luan vai perdoar a Laura? Eles vão brigar de novo? O que Luan vai achar sobre o casamento?