Capitulo 83

2 meses depois

O tempo passou, e as coisas não mudaram muito, eu ainda chorava todas as noites por ele, mesmo eu prometendo a mim mesma que não derramaria nem mais uma lágrima por ele, mas era impossível, sempre que deitava minha cabeça no travesseiro eu lembrava de momentos nossos, desde crianças, até nosso namoro. Durante o dia eu trabalhava feito uma louca, não fazia nem horário de almoço, comia qualquer coisa e depois do fim do expediente, eu ainda permanecia no CEI até tarde, então quando chegava em casa eu estava exausta, mas mesmo assim era difícil pegar no sono. Minhas olheiras eram enormes, e toda manhã eu tentava disfarçá-las com maquiagem, que pouco adiantava, meu rosto estava pálido, eu estava visivelmente abatida, e havia emagrecido alguns kilos.

Meus pais sempre me ligavam, pegavam no meu pé pra se alimentar melhor, pra parar de trabalhar tanto, assim como Cláudia e Bruna, então passei a evitá-los, estava cansada de ouvir eles sempre dizerem a mesma coisa, que eu tinha que dar a volta por cima, que ia passar, que eu ia superar, pra eles falar é fácil, mas pra mim que estou vivendo não é tão fácil assim, eu amo o Rafa muito mais que imaginei, e doía demais, não tê-lo mais por perto, nem como meu amigo. O buraco que estava em meu peito era gigante, a dor se tornava física todas as noites, eu já tinha virado um zumbi. E por este motivo procurei um médico, e pedi um remédio para poder pelo menos dormir, ele me diagnosticou com depressão, me deu vários conselhos e me encaminhou para um psicologo ao qual nunca fui e nem irei.

Enquanto eu sentia esse imenso vazio e essa dor que não parecia não ter fim, Rafa estava curtindo a vida dele, algumas semanas depois que terminamos ele anunciou o fim do nosso namoro e já havia noticias que ele estava frequentando baladas nas cidades que fazia show, e a última noticia que vi dele foi ontem, Rafa havia levado uma de suas peguetes para o hotel, haviam fotos que não deixavam mentir a noticia. Chorei como nunca, não fui trabalhar, não comi nada e passei o dia trancada no meu apartamento. Mas hoje teria que voltar a minha vida normal, me levantei, fiz minhas higienes, coloquei uma roupa qualquer e fui para o CEI

Cláudia: - Laura até que enfim, quer nos matar do coração? - veio em minha direção

Laura: - Ainda estou viva se essa era a preocupação de vocês – suspirei – só não fiquei bem ontem, e resolvi ficar em casa descansando

Cláudia: - O que você teve? Te liguei um milhão de vezes, fui ao seu apartamento, toquei campainha, bati na porta e nada – me olhava extremamente preocupada – se você não aparecesse hoje pode ter certeza que eu mandaria arrombar aquele apartamento

Laura: - Obrigada pela preocupação,mas já estou bem melhor – disse sem graça – desculpa ser grossa com você

Cláudia: - Tudo bem amiga, eu entendo que não tá sendo fácil pra você – me abraçou

Laura: - Vamos trabalhar né – falei com um sorriso forçado e fomos para nossa sala

A manhã passou rápido, não comi nada e nem sentia fome, mas recebi um recado de dona Olivia que era para eu ir até a cozinha, já imaginei que ela havia feito minha comida preferida, pois ela vinha fazendo isto nas ultimas semanas, percebeu que eu não estava me alimentando e que cada dia mais eu parecia mais magra. Ri de sua preocupação e mesmo que eu não fosse comer, resolvi ir lá dar uma palavrinha com ela, ao me levantar senti uma tontura, parei e me escorei na mesa, Cláudia me olhou e perguntou se estava tudo bem e eu assenti. Me recuperei e fui em direção a cozinha, depois de alguns passos senti uma moleza incrível no meu corpo e parecia que minhas pernas iam fraquejar a qualquer momento, mas continuei e de repente tudo se apagou na minha frente, senti somente uma dor forte na cabeça.

Cláudia narrando

Percebi que Laura não estava bem, e ao levantar-se de sua mesa pela primeira vez no dia, vi que ela exitou, parecia tonta, mas me disse que estava bem e saiu da sala. Minutos depois escutei uma gritaria e corri para ver o que era, e paralisei ao ver Laura caida no meio do pátio do CEI, sua cabeça sangrava, vi uma professora no celular chamando os paramédicos, e outras tiravam as crianças dali, dona Olivia estava abaixada junto chorando e a chamava. Despertei do meu tranze e corri a até lá

Cláudia: - Meu Deus o que aconteceu dona Olivia? - perguntei desesperada

Olivia: - Eu não sei, ouvi alguém gritar e vim correndo e a encontrei aqui – chorava

Professora: - Dona Cláudia eu já chamei a ambulância, eles estão a caminho – dizia nervosa – eu vi quando ela caiu, ela veio e de repente caiu e bateu a cabeça no chão – começou a chorar

Cláudia: - Calma, temos que ter calma – dizia a elas, mas eu mesma estava prestes a chorar, e ouvi sirenes, logo os paramédicos entraram e começaram os procedimentos.

Os paramédicos a examinaram e ela tinha sinal de vida, mas segundo eles era fraco, e não sabia a gravidade do ferimento na cabeça, alguém tinha que a acompanhar, e não exitei em ir, rapidamente falei com a secretaria e minha auxiliar para que tomassem conta de tudo, peguei minha bolsa e fui com meu carro atrás da ambulância até o hospital, no caminho avisei seus pais e assim que chegamos lá logo eles chegaram também.

Algumas horas passaram e não tínhamos noticias, só nos mandavam aguardar, até que finalmente uma enfermeira apareceu e chamou os pais de Laura para conversar com o médico, fiquei ali na recepção aguardando aflita, até o pai de Laura voltar e me explicar sua situação, dona Flávia foi ver a filha e ficar de acompanhante, pois a mesma já estava no quarto. Então lembrei de Bruna e liguei para avisá-la.

Bruna narrando

Estava em casa assistindo um filme com minha família, o Pi estava de folga e aproveitamos para fazer um programa em casa mesmo. Meu celular começou a tocar e vi que era Cláudia, atendi ali mesmo enquanto meu pai pausava o filme.

Bruna: - Oi amiga – sorri – tudo bom?

Cláudia: - Oi Bru – falou estranho – Nada esta bem, a Laura... e começou a chorar

Bruna: - Cláudia calma, o que aconteceu com a Laura? - perguntei preocupada e senti minha família me olhar assustados

Cláudia: - Ai Bru – soluçava – ela tá no hospital, foi tão horrível

Bruna: - Se acalma amiga, me conta o que aconteceu? Foi acidente? - entrei em desespero

Cláudia: - Não – suspirou e tentou não chorar – ela desmaiou lá no CEI, caiu e bateu a cabeça – soluçou – tinha tanto sangue, quando os paramédicos chegaram ela tinha pouco sinal vital, tive tanto medo de perder minha amiga

Bruna: - Mas do nada assim? - comecei a andar de um lado pro outro e minha mãe veio perto – como ela tá? Foi grave? Em que hospital ela tá? To indo agora ai

Cláudia: - Os médicos falaram que ela esta com alto nível de desnutrição, pelo que perceberam ela não come nada a dois dias – chorou – e a batida na cabeça quando caiu não foi grave graças a Deus, fez exames e tá tudo bem, só teve que levar alguns pontos porque cortou, ela já esta no quarto, mas só dona Flávia pode entrar, eu e seu Paulo vamos tentar vê-la daqui a pouco – respirou fundo – vem mesmo amiga, to precisando de você e ela também

Bruna: - Vou me arrumar e estou indo, qualquer coisa você me liga, beijo – ela respondeu e desliguei, olhei para o lado e meu pai, minha mãe e Luan estava em pé me olhando preocupados

Luan: - O que aconteceu com a Laura Piroca? - percebi seu desespero

Marizete: - Fala filha, to preocupada

Bruna: - Ela desmaiou no CEI, bateu a cabeça e quando a ambulância chegou ela mal tinha sinais vitais mãe – comecei a chorar – ela tá no hospital agora, os médicos disseram que esta com nível alto de desnutrição e que ela não come a pelo menos dois dias – chorei ainda mais sentando no sofá

Senti minha mãe me abraçar e dizer que ia ficar tudo bem, limpei minhas lágrimas e olhei para Luan, ele tinha o olhar perdido e de culpa. Ele parecia não saber o que fazer. Levantei e avisei que iria pra Maringá, minha mãe disse que ia junto, pois tinha Laura como uma filha, e também queria dar forças para sua amiga, Flávia a mãe da Laura, minutos depois estavam indo para o carro e Luan apareceu arrumado

Luan: - Eu vou também – falou decidido

Bruna: - Não, você não vai – falei seca

Luan: - Vou sim piroca, ela é minha amiga, eu me preocupo com ela, ela precisa de mim – disse firme

Bruna: - Ahhh agora ela precisa de você? NÃO LUAN ELA NAO PRECISA DE VOCÊ, NÃO AGORA, OU VOCÊ AINDA NAO SE LIGO QUE ELA TA NAQUELE HOSPITAL POR CULPA SUA? SE VOCÊ NÃO TIVESSE A FEITO DESISTIR DAQUELE CASAMENTO ELA ESTARIA BEM AGORA SABIA, E QUEM SABE FELIZ, MAS NÃO.. PORQUE VOCÊ É UM EGOÍSTA E NÃO ADMITIA PERDER A AMIGA PRA OUTRO HOMEM, ILUDIU, USOU ELA E EU IDIOTA TE AJUDEI, ACHEI QUE VOCÊ FINALMENTE ESTAVA GOSTANDO DELA DE VERDADE – eu estava com muita raiva dele - DESDE QUE VOCÊS TERMINARAM EU NUNCA TE FALEI NADA, ACHEI MELHOR NAO ME METER, MAS QUER SABER ISSO É O QUE EU PENSO, AGORA MINHA AMIGA TA LÁ NUMA CAMA DE HOSPITAL E VOCE AQUI CERTAMENTE PENSANDO E QUE VAGABUNDA VAI LEVAR PRA CAMA AMANHÃ DEPOIS DO SHOW – suspirei – VOCÊ ME DECEPCIONOU LUAN, EU QUE SOU SUA IRMÃ E AMIGA DA LAURA, AGORA IMAGINO O TAMANHO DA DECEPÇÃO DELA, DA TRISTEZA DELA, PRA TOMAR REMÉDIOS PRA DORMIR, PRA FICAR SEM COMER POR DIAS, OLHA O ESTRAGO QUE VOCÊ CAUSOU NA VIDA DELA - chorei

Ninguém disse nada, meus pais ficaram mudos diante do meu desabafo e Luan encheu os olhos de lágrimas e deu um soco em um vaso que minha mãe tinha perto da porta, fazendo voar cacos por todos os lados, tomamos um susto e meu pai foi pra cima dele para o segurar

Luan: - Me solta – disse com raiva e os olhos cheios de lágrimas – então é isso? Todos contra mim? Eu nunca quis machucar ela, eu nunca quis que as coisas chegassem a esse ponto – gritou – eu achava sim que a amava, eu ainda tenho um carinho muito grande por ela, eu senti atração, eu não fingi nada BRUNA, NADA, tudo que vive com ela foi real, eu senti de verdade todas as sensações, eu não queria, nunca quis que tudo acabasse, mas eu não mando no meu coração DROGA – começou a chorar – eu não vou hoje, mas você não vai me impedir de ver ela – subiu as escadas correndo

Marizete: - Calma filha – me abraçou – seu irmão também tá sofrendo, do jeito dele, eu sei que ele errou, com o tempo ele vai perceber isso, agora vamos, sua amiga precisa de você – me puxou para a porta – seu pai vai dar um jeito no Luan.

_______________________________________

Laura ta em depressão, e Luan na putaria o que fez nossa menina ficar além de tudo super doente e quase perder a vida.. e Bruna jogou toda a verdade na cara dele... e agora amors? Será que a Laura vai se recuperar? Depois desse susto ela vai dar a volta por cima?

Comentários passados.. respondidos =D

Lizi