Capitulo 94

Eu ainda no fundo achava que aquilo era uma brincadeira de mal gosto do Felipe comigo, porém ele revirou os olhos e seguiu até mim com o celular em mãos me mostrando fotos dele ao lado de um cara na neve, realmente o cara ao seu lado na foto tinha cara de ser meio bicha, porém Felipe nunca havia demonstrado nada, o que ainda me deixava confuso.

Felipe: - Esse é o homem que eu amo. Eu jamais teria alguma coisa além de amizade com a Laura. Ela se tornou uma irmã pra mim, e graças á ela que hoje, após 26 anos tive coragem de assumir minha homossexualidade aos meus pais. Eu nasci assim Luan, e mulher nenhuma no mundo me desperta desejo. Eu sou homossexual de corpo, alma e coração. E é por isso que eu estou aqui, eu passei meses ao lado da Laura e fiz a dor dela de te perder a minha, eu tenho a sensibilidade das mulheres, e mesmo que Laura seja teimosa, ela ainda vai voltar pra você, e disso eu tenho certeza! Mas a iniciativa não tem que partir dela, assim como você teve a iniciativa de terminar tudo, você tem a obrigação de consertar o seu erro.

Eu ainda estava surpreso com o que Felipe me disse, ele não tinha pinta muito menos jeito de gay, e isso era o que mais me surpreendeu, ele conseguiu se conter todos esses anos, porém ao observá-lo bem, seus gestos mesmo que pouco, demonstrava sua feminilidade, e enquanto ele continuava falando uma culpa imensa caiu sobre minha cabeça não me fazendo prestar atenção e nem mais uma virgula que saia da sua boca. Eu joguei tudo pro alto, fiz outra vez sem motivos a minha Laura sofrer, desisti do que eu mais queria por uma paranóia da minha cabeça,e de repente, num surto eu me levantei fazendo Bruna me olhar assustada.

Luan: - Piroca, fala pro pai e pra mãe que eu pego vôo depois, vai vocês na frente, eu vou atrás da Laura! – falei rápido pegando meu celular

Bruna: - O que? Luan, pirou? Sério, sei que você deve ir atrás dela, mas não agora! – falava me olhando arregalada – Estamos quase embarcando pra São Paulo Luan! Na onde você deixou sua responsabilidade?

Luan: - Bruna, não enche por favor! – pedi com carinha de dengo e ela respirou fundo se dando por vencida

Liguei pra Wel e como os carros já haviam sido guinchados pra São Paulo, o Cirilo teria que me arrumar um carro ou me levar até lá, deixei na mão dele e disse que em vinte minutos queria ele aqui na porta de casa.

Luan: - Pô Felipe... Nem sei como me desculpar daquele dia por você! Sua atitude de vir aqui só me prova o quanto a Laura ficou em boas mãos enquanto eu a abandonei – disse sem graça

Felipe: - E eu sei que enquanto ela estiver ao seu lado, ela vai estar em mais boas mãos ainda! Ah, e a propósito: liberei sua entrada no prédio. Vá logo que a Laura descubra isso – riu

Algum tempo depois e ao lado de Well eu já entrava na cidade de Maringá. Meu coração pulsava forte e eu me sentia uma adolescente quando faz algo proibido pela primeira vez. Estava curioso, ansioso e até temeroso pela reação dela, e dessa vez prometi a mim mesmo ser o homem mais compreensível do mundo, sei que ela precisaria de um tempo para voltar a confiar seus sentimentos a mim outra vez.

Well: - É pra esperar aqui em baixo patrão?

Luan: - Não... Aliás, eu não sei – ri fraco – Vai que ela me expulsa como da outra vez... Mas se em meia hora eu não tiver voltado, pode fazer a reserva em um hotel aqui pra você, eu não sei o que me aguarda la dentro – falei roendo as unhas

Well: - Vai dar tudo certo – riu – Vai na fé largatixa – falou achando graça e lhe dei um tapa na testa descendo do carro

O porteiro me cumprimentou com um largo sorriso, e disse ter sentido minha falta, falei o mesmo e subi rápido, antes que eu perdesse a coragem. Toquei a campainha do apartamento de Laura e enquanto a aguardava o abrir criava frases mentalmente em minha cabeça de como a pedir perdão.

*Laura Narrando

Aproveitei que Claudia se disponibilizou para cuidar do CEI hoje já que semana passada havia a cobrido por alguns dias para uma viajem, e depois de me despedir do meu Lipe, estava em casa, entediada fazendo um chocolate quente e com uma camisola de ceda preta, não esperava visitas, e por isso estava bem a vontade, porém fui pega de surpresa com a campainha, e com minha xícara de gulodice em mãos atendi a porta e ao ver Rafa em minha frente quase cai para trás de susto, meus olhos estavam ainda incrédulos e meu coração parecia uma corrida de carros, e o susto foi tão grande, que quando dei por mim a xícara estava inclinada deixando um pouco do chocolate escaldante derramar em minha camisola, na região da barriga me fazendo pular enquanto aquilo queimava em mim.

Luan: - Amor do céu! – falou preocupado e tomou a xícara das minhas mãos me empurrando pra dentro do apartamento e fechando a porta atrás de mim

Meus olhos estavam inundados enquanto eu puxava o tecido quente da camisola para longe da minha pele, Rafa me empurrava pela cintura até a pia onde de modo rápido encheu as mãos de água e jogou em mim, naquele momento não me importei dele me molhar, o importante era que aquilo aliviou a região que com toda certeza deveria estar vermelha.

Laura: - O que você ta fazendo aqui? – perguntei em um sussurro o vendo com cuidado levar sua mão encharcada  a região novamente

Luan: - Lau.. – respirou fundo e me olhou, o conhecia perfeitamente para notar a angustia em seus olhos – Não me manda embora, me deixa conversar com você, por favor... – pediu e vi seus olhos marejarem, e mesmo que parte de mim quisesse negar, eu não tive coragem

Laura: - Tudo bem – suspirei – Eu vou trocar de roupa! – falei séria  e segui rumo ao meu quarto, tenho que me manter firme, não posso fraquejar

Vesti um vestidinho florido solto e percebi que como eu imaginava, minha barriga estava avermelhada. Maldito chocolate quente! Maldito Luan! Maldito coração idiota que já me pedia para correr para os braços dele, que já sangrava de saudades desse homem que me espera na sala. Respirei fundo pedindo calma a mim mesma, minhas mãos tremiam e torcia para que não discutíssemos outra vez. Sai do meu quarto e após contar até mil encenei a minha cara mais de “durona” possível e me sentei ao lado dele no sofá, porém com uma grande distancia entre nós. Ele assim que me viu me olhou de cima a baixo e soltou um longo suspiro me deixando envergonhada, seu olhar de menino tinha medo e por um instante temi suas próximas palavras.

Laura: - Olha Rafa, se veio aqui pra outra vez me ofender, você pode se retirar! – falei séria e ele abaixou a cabeça, mas logo depois me olhou nos olhos

Luan: - Não vim aqui pra brigar Laura, e aliás, te devo mil perdões pelo o que fiz da última vez que estive aqui, aliás, pelo o que venho fazendo todos esses meses. – falou de forma sincera e eu não tive coragem de encará-lo, meus olhos já inundados demonstravam o tamanho da minha fraqueza quando o assunto era ele

Laura: - Como você mesmo diz Rafa, quem perdoa é Deus e não eu! – o encarei já denunciado que eu assim como ele segurava o choro

Luan: - Você me chamando de Rafa já um grande avanço pra mim – sorriu sereno e eu abaixei a cabeça sem graça

Laura: - É o costume Luan, só isso!

Luan: - Não Laura, não é o costume. Eu te conheço o suficiente pra saber que independente de costume ou não quando esta chateada comigo só me chama de Luan, nunca me chamou de Rafa quando tinha algo entre nós te incomodando. O tempo está amolecendo seu coração, e eu fico feliz por isso.

Laura: - Não se iluda Luan! – ri irônica

Luan: - Você pode negar Laura, mas você sabe que eu conheço você mais do que você mesma se conhece – falou me olhando nos olhos e senti um arrepio intenso me rondar

Laura: - Ta, ta Rafael! – falei impaciente – Já esta perdoado se era isso que queria para ir em paz para a sua nova vida feliz em São Paulo! Agora já pode ir, não temos mais nada pendente entre nós – falei seca e me levantei, iria abrir a porta pra ele que me impediu segurando meu braço e parando frente a mim, com os olhos grudados nos meus

Luan: - Era pra eu estar a caminho de São Paulo Laura, mas preferi vir aqui  atrás de você – disse me pegando de surpresa – E não Laura, não é só isso que queria ao vir aqui, eu quero você! – falou convicto e senti o ar sumir dos meus pulmões – E em São Paulo ou em qualquer outro lugar no mundo eu não vou ter uma vida feliz se você não estiver ao meu lado – falava procurando meu olhar que eu desviava tentando não chorar na frente dele

Laura: - Você não cansa de mentir? De me iludir? Não cansa de me fazer sofrer? – falei sem mais segurar o choro instalado em minha garganta – É sempre a mesma coisa, quando estou conseguindo te esquecer você volta e fode com tudo outra vez! – confessei chorando impaciente e sentei no sofá com a cabeça entre as mãos

Luan: - Lau, amor, pelo amor de Deus, não chora! – pediu um tanto quanto desesperado se ajoelhando frente a mim tentando ver meu rosto – Eu não quero nunca mais te fazer sofrer, alias, nunca quis! Eu fui um egoísta e agora quero concertar meu erro. Sei que não vai ser do dia pra noite que você vai voltar pra mim, mas.... – ele se calou e não me conti a olhá-lo, ele tinha os olhos fechados olhando pra cima enquanto lagrimas escorriam dele – Você é a mulher da minha vida Laura!
Que eu, tolo aqui fui perceber tarde demais!... Pela nossa amizade de anos Laura – falou desesperado e agarrou minhas duas mãos – Pela nossa infância e adolescência vividas juntas, pelos nossos segredos, nossas brincadeiras, por isso – disse em um sussurro e colocou minha mão em seu peito, onde eu sentia seu coração pulsar acelerado – Por tudo que a gente viveu Laurinha, por favor – me olhou suplicante – Me dá uma chance? Só uma? A última? Nem que seja da sua amizade Laura, me deixa te ter de novo, me deixa me aproximar, prometo te reconquistar todos os dias amor – disse colocando uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha – Me dá pelo menos a sua amizade de novo Laurinha? Por favor? – falou em meio ao choro e num gesto de desespero fechou os olhos chorando e colou sua testa na minha, era possível escutar seu choro intenso, assim como o meu e naquele momento eu estava diante de uma das minhas maiores duvidas. Eu sinceramente não sabia o que fazer.

Eu conhecia Rafa mais do que a mim mesma, e outra vez vi verdade em suas palavras, e mais verdade ainda em seu choro, porém, um certo medo ainda me tomava. Eu não sabia se ele realmente merecia outra chance, a última chance, porém, antes que eu pensasse qualquer outra coisa Rafa me tomou em um abraço desesperado, angustiado o qual eu não tive como escapar, suas lagrimas molhavam meu pescoço e ombro e só ai tomei uma decisão, não pensei em mais nada, e dane-se as conseqüências disso!
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Luan foi atrás, mas Laura está irredutivel.. será que ela vai dar uma nova chance a ele? Mesmo se for pra serem amigos de novo?

Comentários do cap 92 respondidos, do cap 93 respondo depois do Legendários! =D